Desejo sexual: afinal o que as mulheres sentem?





Médicos, cientistas e especialistas tentam desvendar a sexualidade feminina há séculos. O fato é que as respostas mudam de acordo com as várias gerações de mulheres. A maneira como elas veem seu corpo e a sexualidade é muito ampla. 

Hoje, por exemplo, é possível ser membro de um curso brasileiro e polêmico cujos objetivos são: aumentar a autoestima feminina por meio da aceitação do seu poder, quebrar estigmas machistas, falar sobre suas preferências e dar dicas sobre sexo abertamente.

Por outro lado, pesquisas internacionais revelam um atraso em como uma outra parcela de mulheres encara o desejo sexual. O estudo feito por Meredith Chivers, da Universidade Queen, no Canadá, concluiu que ainda existe uma distância grande entre o que as mulheres manifestam fisicamente e o que elas declaram sentir sobre a sexualidade. 


A psicoterapeuta e terapeuta sexual Yara Monachesi afirma que, infelizmente, a mulher ainda vive em um mundo onde as pressões sociais sobre a manifestação da sexualidade feminina são milenares. “Todos sabemos e fomos vítimas da repressão sexual que recaiu sobre a mulher.

Não se deve acreditar que, após a revolução sexual da década de 60, no século passado, tudo se resolveu. Essas coisas não se resolvem por decreto. Houve, sim, uma importante liberação da sexualidade após esse período, mas não se deve esquecer que marcas inconscientes permanecem e são muito difíceis de serem removidas.”

Se aos homens foi imposta uma repressão das emoções, às mulheres foi imposta a repressão do desejo e do prazer sexual. “Como poderiam as mulheres do início do século 20 manifestar seu prazer, vivenciá-lo amplamente, se isso era entendido com um comportamento indigno e imoral?.

Claro que isso (a crença de que sexo é sinônimo de falta de caráter) vem sendo diluído ao longo dos tempos, mas ainda temos um bom caminho pela frente, que leve a uma sintonia perfeita entre o que se sente e o que se admite sentir”, reflete a psicóloga.

Assim, a sexualidade feminina é um mistério. E continuará sendo, por muito tempo, não apenas para os homens, mas sobretudo para as mulheres. Mas também há o que se comemorar. O último avanço dado pela mulher em relação a sexualidade feminina é a percepção de que tem direito a uma vida sexual satisfatória, e que isso pode ser obtido por meio de informação, terapia, conversa e admissão das próprias limitações.

“Deve-se registrar como muito interessante o fato que as mulheres, em geral, leem mais sobre sexo e conhecem o funcionamento sexual tanto de homens como de mulheres muito mais do que os homens”, afirma Yara. Além das mudanças comportamentais, que mostram mais diálogo em torno do desejo sexual, o mercado tem lançado muitos acessórios para incrementar uma noite romântica.

“Os avanços de lubrificantes, aparelhos e pílulas também ajudaram na sexualidade feminina”, afirma a psicóloga Silvana Parreira. Na opinião de Silvana, a evolução está acontecendo porque as mulheres tem acreditado nelas e nos seus potenciais. “Mais seguras e independentes, elas estão falando o que querem na relação, respeitando seu tempo, limite e vontade.”

Estimulante

Ainda não existe um medicamente estimulante feminino. Segundo Yara Monachesi, as medicações existentes até o momento para diminuir o sofrimento masculino com a disfunção erétil atuam diretamente sobre as condições fisiológicas e anatômicas da ereção, e não do desejo masculino. “Se não houver desejo no homem, não há medicação que resolva.”

Segundo ela, o mesmo ocorre com a mulher. Como ela não tem ereção, não há de ser um vasodilatador que resolverá a falta de desejo. “O foco a ser trabalhado é outro, relacionado às inibições de seu desejo, e à distorção de suas percepções sobre a própria sexualidade.”
Divulgação
Dinâmicas de gênero

Mulheres e homens têm muitas diferenças, a começar pelo corpo, pelas expectativas que despertam nos pais, nas condições sociais que enfrentam ao longo da vida. A dinâmica hormonal, na mulher, é muito diversa da que ocorre nos homens, assim como a educação diferenciada que recebem.

“Os pais das meninas não esperam que elas se tornem grandes conquistadoras, fortes e batalhadoras, com grande desempenho sexual; ao contrário, o que prevalece é a expectativa da mulher adulta responsável, séria, boa esposa e boa mãe”, afirma a psicoterapeuta e terapeuta sexual, Yara Monachesi.

Com os meninos, a mensagem é outra. Pais pedem que eles sejam fortes, não levem desaforos para casa, conquistem, não se deixem levar pela emoção, não chorem. “Os padrões culturais são importantes na composição do ser humano, embora não sejam determinantes absolutos. Temos que considerar que todas essas variáveis – corpo, psiquismo e sociedade – se integram e resultam em indivíduos únicos, que lidarão com seus desejos de diferentes maneiras”, afirma Yara.

Outras diferenciações do homem e mulher , segundo a psicóloga Silvana Parreira, são as alterações e variações que o corpo e hormônio passam. “O desejo da mulher aumenta no período fértil, em que ela atinge o ápice da ovulação e isso gera uma vontade sexual maior. Após o período do ciclo menstrual o desejo diminui”, afirma Silvana.
fonte:www.diarioweb.com.br/

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