Deputado critica cobertura da mídia no julgamento
do chamado caso do mensalão
Parlamentares da Bancada do PT utilizaram a Tribuna da Câmara nesta terça-feira, 07, para criticar a atuação da mídia na cobertura do julgamento do STF sobre o chamado "mensalão". Para o deputado Emiliano José (PT-BA), a chamada velha mídia se arvorou a condenar por antecipação todos os réus do processo. "Há uma tentativa permanente da velha mídia brasileira de criar um clima obviamente artificial em torno do que a mídia alcunhou de mensalão, que agora até os próprios ministros do STF dizem não ter existido na forma como a mídia quer", acusou.
De acordo com Emiliano, a mídia antecipou a sentença do Supremo. "Ela (a mídia) quer que todo mundo seja condenado. Antecipou a necessidade, segundo ela, de condenar todos aqueles que estão envolvidos na Ação Penal nº 470. Diferentemente da atitude que tem em relação ao mensalão mineiro do PSDB. Com relação a esse, a mídia não toca e não discute", disse o petista.
Ao citar exemplos de jornais que "burlaram" o coro condenatório, o parlamentar revela o lado parcial da imprensa brasileira. O jornal Correio Braziliense reconheceu, por exemplo, no dia seguinte ao início do julgamento que faltou quórum na praça, ao constatar que o maior ato do dia, que reuniu militantes do PSDB, do DEM e do PPS, reuniu a multidão de 15 — isso mesmo —15 manifestantes. A revista Valor Econômico constatou também que nas ruas o mensalão é ignorado pela população, que preferiu as Olimpíadas. O professor Venício Lima lembra que pesquisas de opinião indicam que apenas 1 em cada 10 pessoas tem conhecimento do julgamento, num artigo esclarecedor que escreveu para o Observatório da Imprensa, postado no dia 7 de agosto, sob o título Que opinião pública é essa?, indispensável para a compreensão do que pretende ser a opinião pública construída pela mídia ou opinião publicada. "A chamada opinião publica não atendeu ao chamado da mídia, que se considera, como já disse, enganosamente, a própria opinião pública", afirmou o parlamentar.
Emiliano lembrou ainda que o jornalista Paulo Moreira Leite foi outro a se insurgir contra a tendência dominante da imprensa brasileira. Ele arriscou tomar posição e dizer que é fundamental uma reforma política que implique em mudança nas regras de campanha, que ao menos controle a interferência da economia sobre a política. "Leite mostrou que o julgamento começou sob o ambiente enviesado de uma opinião publicada, com o pressuposto de que os réus são culpados; que o ex-Deputado Roberto Jefferson diz uma coisa em público, outra na Justiça; que no processo não há menção a José Dirceu como chefe de nada; que as 337 testemunhas ouvidas negam terminantemente a compra de votos — unanimidade contra a opinião publicada —; e que não se compreende a diferença de tratamento entre o chamado mensalão mineiro e a Ação Penal 470 ora em julgamento".
"Nós, do PT acreditamos que os valores democráticos não combinam com quaisquer procedimentos de exceção, não combinam com linchamentos morais, não combinam com condenações prévias. No STF, temos convicção, há homens e mulheres atentos à Justiça, com sólida formação jurídica, e que não se impressionam com as chicanas patrocinadas pela velha mídia. O julgamento será justo, próprio de uma sociedade que já chegou à maturidade democrática, de um Brasil que vive, de 1985 para cá, o maior período de normalidade democrática de nossa história", finalizou.
Nesta quarta-feira, 08, serão ouvidos os advogados dos réus José Roberto Salgado, ex-vice-presidente e integrante do Comitê de Prevenção à Lavagem de Dinheiro do Banco Rural; Vinícius Samarane e Ayanna Tenório, também integrantes do Comitê de Prevenção à Lavagem de Dinheiro do Banco Rural; João Paulo Cunha, deputado e à época presidente da Câmara; e Luiz Gushiken, ex-ministro da Secretaria de Comunicação do governo Lula. Deste último, no entanto, a Procuradoria Geral da República pede sua absolvição por falta de provas.
fonte:http://www.emilianojose.com.br/index.cfm?event=Site.dspNoticiaDetalhe¬icia_id=1265
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