O capital erótico impulsiona carreiras?



Christine acumulava um currículo respeitável muito antes de substituir, em junho deste ano, o também francês Dominique Strauss-Kahn, afastado depois de suposto envolvimento em um escândalo sexual. Especialista em direito internacional, ela chefiou o braço europeu de uma prestigiada banca americana de advocacia até entrar para a política em 2005.
Em pouco mais de cinco anos, chefiou três ministérios do governo francês, incluindo o das Finanças, tornando-se, em 2007, a primeira mulher a comandar uma pasta dessa importância em um país do G8. Christine tinha todas as qualificações acadêmicas e profissionais para ocupar o cargo.
Mas nem por isso descarta a importância de outras características pessoais em suas conquistas até aqui. Entre elas a preocupação em manter uma aparência sempre impecável. Ex-integrante da seleção nacional de nado sincronizado, aos 55 anos ela admite que chega a perder horas de sono para manter a silhueta esguia, frequentemente exibida em tailleurs bem cortados.
No final do ano passado, ao ser convidada para falar em uma conferência com as 50 principais mulheres de negócios do mundo, Christine fez uma homenagem à mãe. Seus maiores ensinamentos: como vestir-se bem e como falar com as pessoas. 
O conjunto de atributos pessoais, como charme, boa aparência, estilo e carisma, é o que a socióloga inglesa Catherine Hakim chama de “capital erótico” no recém-lançado Honey Money: The Power of Erotic Capital (“O poder do capital erótico”, numa tradução livre).
No livro, a autora argumenta de que maneira a elegância de uma política como Christine Lagarde ou o sorriso bem armado de um Silvio Berlusconi podem ajudar — e muito — na trajetória de uma carreira bem-sucedida. 
Num mundo em que ativos como capital econômico (o dinheiro manda), capital humano (o que você sabe) e capital social (quem você conhece) nunca foram tão valorizados e disseminados, o capital erótico pode ser uma arma poderosa. Tome como exemplo a última eleição presidencial americana.
É de esperar que, para disputar um cargo de tamanha importância, não faltem aos candidatos qualificações tradicionais, como experiência e boa formação. É aí, segundo a autora, que o fato de Barack Obama ser considerado “bonitão, em forma e bem vestido” pode fazer a diferença (muito embora tenha concorrido com McCain, possivelmente um dos candidatos menos sexy da história).
“Beleza e charme são commodities valiosas, que têm oferta escassa em qualquer sociedade”, escreve Catherine.  No mundo das celebridades, a forma como as pessoas tiram proveito de seu capital erótico costuma ser evidente. Exemplos sobre o uso do capital erótico por um ator como George Clooney para vender cafeteiras Nespresso, da Nestlé, soam até óbvios.

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