Desejo Feminino, origem masculina?


Em artigo publicado pela revista New England, o Centro Médico Cedars-Sinai divulga um trabalho em que voluntárias submetidas à reposição hormonal com testosterona tiveram um significativo aumento do desejo sexual. Com a pesquisa, feita com pacientes entre 31 a 56 anos, comprovou-se que o hormônio masculino pode aumentar a libido de mulheres na menopausa.
“O hormônio masculino realmente interfere na sexualidade de homens e mulheres”, concorda o ginecologista e sexólogo Jorge Serapião. Ele explica que, como o organismo feminino é um ambiente pobre em hormônio masculino, os receptores a estes hormônios tornam-se bastante sensíveis à sua presença, mesmo em quantidades pequenas. E isso pode ter resultados benéficos em termos de desejo feminino.
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Seja no organismo feminino ou masculino, a testosterona atua no sistema nervoso central, onde age sobre o sistema límbico, o chamado centro das emoções. “Mas tudo isso é ilação de trabalhos feitos com animais ou de estudos em mulheres com síndromes hiperandrogênicas. Ou seja, com níveis de testosterana acima do usual, e em homens com o quadro oposto, de baixas taxas de hormônio”, diz.
O problema de uma terapia de reposição com testosterona para fazer aumentar o desejo em pessoas com baixa de libido é a possibidade de efeitos colaterais. “Além de sinais de virilização nas mulheres, como pêlos, engrossamento da voz, aumento de massa muscular e na distribuição de gorduras, pode haver ainda o surgimento de doenças hepáticas graves”, adverte o médico.
A ovulação e o desejo
Alguns especialistas também defendem que o apetite sexual feminino aumentaria ou decresceria de acordo com os altos e baixos do ciclo menstrual. Estaria baixo até antes do décimo dia, quando as taxas de testosterona estariam quase nulas, e tenderia a subir dali em diante, chegando ao auge na ovulação — ou no 14º dia, considerando-se mulheres com ciclos de 28 dias. Até o 18º dia, a libido feminina permaneceria a mil, como resultado do aumento dos níveis hormonais que precedem e sucedem a ovulação.
“Não se pode generalizar. Até porque os relatos femininos são bastante variados. E este tipo de visão só considera a mulher biologicamente”, rebate o Dr. Serapião. Isso, ele explica, significa equiparar as mulheres às fêmeas de espécies animais. Nelas, realmente, é durante a ovulação que estão mais dispostas a aceitar a cópula. A questão é que a espécie humana é diferente. Para começar, mulheres não têm cio. “E a resposta sexual feminina não costuma variar com o ciclo menstrual”, diz o Dr. Serapião.
Segundo explica o sexólogo, a ovulação é o pico máximo de estrogênio no organismo feminino. “Mas não acreditamos que estrogênio ou progesterona tenham influência sobre o desejo”, diz. Para ele, numa sociedade como a nossa, que valoriza a sexualidade como reprodução, nada mais natural que este discurso ser tão bem aceito. Para desfazer o que considera como um mito, ele compara tudo isso aos efeitos da pílula anticoncepcional.
“Mulheres que tomam pílula não têm ciclos menstruais. Pelo contrário, seus níveis hormonais são estáveis, não há variações, e os ovários estão em repouso. Sendo assim, elas não teriam fases de maior ou menor desejo. E não é exatamente isso que elas relatam”, explica. Por isso mesmo, o Dr. Serapião recorre à escritora Helen Kaplan para uma citação: “Nada é mais afrodisíaco do que um casal apaixonado”. O que quer dizer que, quando se trata de libido feminina, aspectos afetivos certamente têm bem maior influência do que a dança dos hormônios.
É exatamente o que pensa o ginecologista e obstetra Alexandre Donato. Na sua opinião, mesmo a maior secreção de hormônios masculinos, produzidos pelas supra-renais na segunda fase do ciclo, após a ovulação — e cujos efeitos são potencializados pela progesterona —, levam a uma variação de desejo que possa ser considerada significativa. “Reduzir o desejo a aspectos orgânicos é simplista”, afirma.

Até porque, como ele explica, os hormônios femininos, como o estrogênio, estão mais ligados a uma segunda fase da resposta sexual, a da excitação. O que significa lubrificação, capacidade de trofismo vaginal e pode explicar algumas dificuldades físicas durante o sexo em mulheres na menopausa. Mas não têm a ver com desejo. “Se fosse assim, com a menopausa, as mulheres perderiam a libido. O que está longe da verdade”, diz. Para ele, desejo sexual está mais relacionado à psiquê, à afetividade. “É isto, aliás, o que nos diferencia como seres humanos”, resume.

fonte:http://www.toquefeminino.com.br/v2/?a=107&s=1&subcat=21

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